Graninha extra!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Uma breve auto-biografia...eu acho.


Eu acho que tenho muitos amigos. Digo acho, porque só posso falar de mim.
Eu acho que não sou muito romântica, porque odeio pieguisses. Mas acho que guardo até hoje um caderninho da 5ª série em que todos os meus amiguinhos me deixaram mensagens...piegas.


 

Eu acho que não tenho religião, apesar de simpatizar com algumas delas.
Eu acho que tenho um medo absurdo de avião, e nem sei o porquê, já que nunca voei em um.
Eu acho que sou uma pessoa feliz, na medida do possível, já que a felicidade é tão oscilante e subjetiva.


Eu acho que sou sincera até onde posso ser, porque as vezes é melhor ficar calada.
Eu acho que falo demais, bebo demais, corro demais...mas nem sempre estou disposta e tudo isso me irrita demais.
Eu acho que as palavras me machucam, assim como me enobrecem muitas vezes mais.
Eu acho que pessoas extremistas, preconceituosas, carentes, dependentes e conformadas estão completamente malucas e fora desse mundo. Aí percebo que a maluca sou eu, fora do mundo deles.
Eu acho a lerdeza extremamente irritante, assim como a pressa.



Eu acho que nunca vou seguir o tal "fluxo natural da vida" - me formar, casar e ter filhos - ainda me surpreeendo com meu diploma e minha aliança na mão esquerda.
Eu acho que gosto de rock and roll, mas na infância eu achava que gostava de pagode e axé - ainda bem que eu só achava.
Eu acho que gosto de arte, mas não acho um geito, de geito nenhum, de ganhar dinheiro com isso.
Eu acho que magoei muita gente sem querer e querendo também, assim como muita gente acha que me magoou, ou magoou de fato.
Eu acho que vou ser alguém na vida, só não sei quem.


Por fim, eu acho que vou achar a vida inteira.
Acho melhor assim.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Projeção...velha conhecida.

É um fato conhecido: você não se apaixona por alguém; você não se apaixona pela pessoa real, você se apaixona pela pessoa de sua imaginação. E enquanto vocês não vivem juntos, e você vê o outro da sua sacada, ou você o encontra na praia por alguns minutos, ou você segura suas mãos no cinema, você começa a sentir: “Somos feitos um para o outro” .


Mas ninguém é feito um para o outro. Você vai projetando mais e mais imaginação sobre o outro, inconscientemente. Você cria um certa aura em torno dele e ele cria uma certa aura em torno de você. Tudo parece ser lindo, porque vocês fazem tudo parecer lindo, sonhando, evitando a realidade. E ambos ficam sonhando, tentando de todas as formas possíveis não perturbar a imaginação do outro.

Assim, a mulher se comporta do jeito que o homem quer que ela se comporte; o homem se comporta do jeito que a mulher quer que ele se comporte. Mas isso só pode durar alguns meses no máximo.

Uma vez que vocês se casem e tenham que viver juntos vinte e quatro horas por dia, torna-se uma carga pesada continuar fingindo alguma coisa que você não é.

Por quanto tempo você pode continuar representando? Mais cedo ou mais tarde torna-se um peso e você começa a se vingar. Você começa a destruir toda a imaginação que o homem criou em torno de você, porque você não quer ficar aprisionada nela; você quer se livrar daquilo e ser você mesma.

E a mesma é a situação com o homem: ele quer se livrar e ser ele mesmo. E esse é o conflito entre todos os amantes, em todas as relações.

A realidade é: somos sozinhos, somos estranhos e será muito melhor se aceitarmos a verdade básica de que somos estranhos. Podemos saber o nome um do outro, podemos ter visto o rosto um do outro muitas vezes – isso não importa. Nossos seres estão tão escondidos e tão lá no fundo, que não há como eu poder tocar o ser de alguém, ou possa ver o ser de alguém – e é aí que reside toda a estranheza. Mas não acho que isso seja uma catástrofe; pelo contrário sinto isso como uma benção. Se não fôssemos estranhos seríamos robôs. Nossa estranheza nos dá individualidade, singularidade.

O segredo é ser sempre você, doa a quem doer. E se doer, é porque você está representando. Aliás, segredo? É bastante óbvio...mas somos estranhos. É natural, aceitemos.