Graninha extra!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Necessidade de culpar

Neste final de semana que passou, tive o grande prazer de ver minha família materna (quase) reunida para comemorar o aniversário de 52 anos da ilustríssima dona Mara, minha mãe.


Só pra explicar o “quase” reunida: meus pais são separados, minha mãe casou-se novamente e, por alguma estupidez que eu não consigo enxergar, meu avô (pai da minha mãe) e meu irmão não fazem questão de ficar na presença deste novo membro da família, nem mesmo no aniversário da própria filha/mãe. Portanto os dois, exclusivamente, não compareceram – o que já era de se esperar, mas, este é outro assunto.

Na festa havia, entre familiares e amigos, umas 12 pessoas. Todas conversando ao mesmo tempo, rindo, comendo, aquela muvuca de sempre que eu já estou acostumada e que até gosto. Exceto quando começam as “panelinhas” e os assuntos inconvenientes, desapropriados para a ocasião - que deveria ser de alegria.

No fim da festa, quando ficou eu, minha mãe, meu padrasto e minha tia, começaram as histórias cabeludas. Histórias essas que, obviamente, quem contava era sempre a vítima e culpava alguém pelo sofrimento vivido por elas. Sim, ELAS, no feminino, porque é sempre a mulher que sofre, na visão deturpada da minha mãe e da minha tia. Pois bem, de todas as histórias contadas, lamentadas e dramatizadas, o final era sempre o mesmo: “Se hoje eu tive que casar de novo, foi por culpa do Fulano!”, “ Se hoje eu estou acabada e sou arrogante desse jeito, a culpa é da Fulana”, “Eu não tenho dó da Fulana porque foi por causa dela que eu passei por tudo isso”, “Se eu não tenho o amor dos meus filhos é por culpa de Fulano!”, e etc., etc., etc...

Engraçado como é difícil para algumas pessoas assumir a responsabilidade dos próprios atos. Elas necessitam encontrar culpados, talvez pra livrar a própria cara e assim sentirem-se bem, e mostrar para os outros e pra si mesmas o quanto sofreram, para ganharem um pouco de compaixão alheia, e até mesmo auto-piedade. É triste ver que elas não sabem que a vida delas pertence a elas, e que tudo o que elas fazem, os caminhos que escolhem, são responsabilidade delas mesmas. As escolhas e as conseqüências são exclusivamente delas!

Eu pensava muito sobre isso enquanto as ouvia. Tive uma vontade quase que incontrolável de dizer algumas coisas, do tipo:

Se apaixonou e sofreu porque não foi correspondido? A culpa é SUA.

Que culpa a outra pessoa tem de ser interessante o suficiente para você ter se sentido atraído por ela? Reciprocidade não é obrigação e o mundo não gira em torno do seu umbigo.

Fez merda por causa de alguém, se arrependeu, sofreu porque perdeu algumas amizades por causa da merda, tentou consertar e deu em merda de novo?

Paciência, amigo. Perdão não é “bom dia”, e esse sofrimento é só uma conseqüência da merda que VOCÊ fez, mesmo que tenha sido por causa de alguém ou de alguma coisa. Desencana e vê se não faz merda de novo.

Pensei melhor depois, em casa. Talvez eu só piorasse as coisas. E talvez eu fosse A CULPADA eterna por ter feito com que elas vissem que elas sim eram as verdadeiras culpadas. E eu não quero levar a culpa, oras.

Já que a culpa tem que ser de alguém, que não seja minha.

Um comentário:

  1. Ficou mó cara sumida, e voltou um texto MUITO bom!
    Adoro seu jeito direto de falar das coisas... hahaha é meio q um balde de água fria!

    self-pity é uma coisa tão conveniente...
    pode ser q no começamos acabemos culpando tudo ao redor, por nao suprir nossas expectativas, mas no fim... se vc mesmo nao conviver com isso, vai ficar remoendo oq o 'outro' poderia ter feito pra vc ser feliz.. e deixando de fazer vc mesmo...!! sei lá, errar, sofrer, ter essa raivinha... eu acho gostoso... hahaha dá um pique insano de fazer outras coisas!
    ficar parado é q nao vale... hahaha beeeju

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