Graninha extra!

segunda-feira, 29 de março de 2010

A flecha

Não mirei, mas atingi em cheio. Coube a mim, portanto, retirar a flecha fincada no alvo.

Não soube ao certo como fazê-lo, se com cuidado ou sem cerimônias. Apenas observei por uns instantes. O olhar era aflito, como que tendo pressa e ao mesmo tempo querendo esperar.

Fiz o necessário para que fosse um processo tranqüilo. Por sorte, apenas a ponta da flecha estava alojada, de modo que não precisei de muito esforço, porém tive que tomar cuidado para que ela não rompesse, ou danificasse ainda mais o alvo – outras pessoas ainda hão de utilizá-lo, e preciso de minha flecha intacta.

Pude perceber que o estrago parecia menor enquanto ela estava alojada, mas ainda assim era um estrago. Agora, ao menos, poderá ser reparado.

- Você vai escrever sobre isso? – perguntou-me, certo de uma resposta afirmativa.

Eu deveria. Mas porque devo, não me interessa escrever.

4 comentários:

  1. E quando permitimos que essa flecha se instale fundo, sem limites?
    E quando achamos que ela já faz parte do corpo, é um orgão vital?
    E quando nos arrancam sem cuidado e deixam não uma cicatriz mais a sensação de que amputaram algo de você?

    A flecha entra conforme permitimos...
    O que fazer quando viramos vitimas de nós mesmos?

    Eu queria saber, eu preciso saber...

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  2. Talvez o segredo seja deixar de ser alvo, e passar a ser flecha.

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  3. Owwwww me faz chorar não...

    vc tá absolutamente certa!

    nossa, "deixar de ser alvo, e passar a ser flecha."

    eu pensei que era a flecha.. mas eu era um alvo, muito exposto!

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  4. Exposto sim, mas por esse motivo mesmo, sincero.
    A flecha só machuca, não vale a pena.
    Quem dera ser alvo!

    Bjs :)

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